A convenção nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou, em Brasília, por aclamação, a candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.
"Estou aqui para anunciar mais uma vez que sou candidato à Presidente da República", afirmou Lula da Silva em um discurso para as cerca de 4.000 pessoas que participaram a convenção do PT.
Será a quinta vez consecutiva que Lula da Silva disputa a Presidência do Brasil.
O vice-presidente, José Alencar, do inexpressivo Partido da Reconstrução Nacional (PRN), também foi confirmado na lista de Lula da Silva, a mesma de 2002.
"Nos últimos três anos e meio foi demonstrado ao mundo que um trabalhador pode dirigir os destinos do Brasil", disse o presidente brasileiro.
Durante o seu discurso, Lula da Silva destacou os programas assistenciais de seu governo, como o Bolsa Família, e convidou seis beneficiários a subir ao palco.
"Nós não estamos fazendo esmola, estamos transferindo renda", argumentou.
Lula da Silva comparou também o seu governo aos oito anos da administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e garantiu que actualmente "o Brasil está muito melhor".
O presidente citou índices da economia brasileira das duas gestões, como inflação, taxa de juros, reservas internacionais, dívida pública e dívida externa, mas ressaltou as conquistas sociais.
"Eu me sentiria frustrado se, nesta altura do meu governo, só pudesse mostrar bons indicadores macroeconómicos, sem que eles refletissem na melhoria da vida do cidadão comum", referiu.
Para um eventual segundo mandato, Lula Silva destacou como prioridades a educação, a necessidade de reduzir o gasto público e uma maior atenção à Previdência Social.
A segurança pública e a reforma política também foram temas destacados pelo ex-sindicalista.
Lula da Silva disse ainda que fará uma campanha limpa e que não cairá em provocações dos adversários, numa indicação de que pretende repetir o lema "paz e amor" da última campanha.
Embora as sondagens de opinião apontem que Lula da Silva pode vencer já na primeira volta das eleições, o presidente pediu aos integrantes do PT que não considerem a eleição ganha.
As últimas pesquisas indicam que o Presidente Lula detém 48 por cento das intenções de voto.
O seu principal adversário, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, do PSDB, que conta com o apoio do Partido da Frente Liberal (PFL), de direita, regista apenas 19 por cento das intenções de voto.
A campanha eleitoral começará oficialmente no dia 06 de Julho e os adversários de Lula da Silva contarão com um arsenal para tentar derrubar o seu favoritismo, devido aos escândalos de corrupção no seu governo.
A crise começou em Maio do ano passado e agravou-se um mês depois com as denúncias do ex-deputado Roberto Jefferson, que deram origem a uma das mais graves crises políticas brasileiras.
Jefferson revelou a existência de um esquema de compra de votos no Congresso Nacional - o chamado "mensalão" - financiado pelo "saco azul" do PT, o que foi comprovado mais tarde pelas investigações das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e da Polícia Federal.
A crise arrastou-se por um ano, mas, curiosamente, o presidente Lula da Silva saiu ileso da série de escândalos que derrubaram toda a cúpula do PT e os ministros mais fortes do seu governo - José Dirceu, da Casa Civil, Antonio Palocci, das Finanças e Luiz Gushiken, secretário de Comunicação da Presidência.
(Agência LUSA)
Bocas soltas:
- "No meu governo, corrupto não entra; no meu palanque corrupto não sobe." Quando era candidato;
- "Obrigado Fidel Castro. Obrigado por vocês existirem." No discurso de abertura da reunião do Foro de São Paulo, em Havana, Cuba, referindo-se a Fidel Castro;
- "Me dêem uma chance de ser presidente que eu faço em quatro anos o que a elite não fez em 40." Durante discurso em Juiz de Fora, em agosto de 1994;
- "Sou um homem sem pecados." No Vaticano, no funeral do Papa João Paulo II;
- "A desgraça da mentira é que, ao contar a primeira, você passa a vida inteira contando mentira para justificar a primeira que contou." Em 17 de Julho de 2005, para repórter freelancer na França;
- "Só o Rocha?!?!" Em 17 de Outubro de 2005, quando foi informado de que entre os petistas mensaleiros, só o deputado Paulo Rocha (PA) renunciaria ao mandato;
- "Eu me sinto traído." Em discurso em cadeia nacional de TV, um dia depois de o marqueteiro Duda Mendonça confessar que recebeu dinheiro de caixa dois do PT em uma conta no exterior (agosto de 2005);
- "Diga ao Roberto Jefferson que sou solidário a ele. Parceria é parceria. Tem de ter solidariedade." Em defesa do então aliado do PTB que, acusado de comandar um esquema de corrupção nos Correios, viria a se tornar o homem-bomba de seu governo (maio de 2005);
- "Olha para a minha cara para ver se eu estou preocupado." Respondendo a pergunta de jornalistas sobre se a criação da CPI dos Correios o preocupava, sem saber quanto ela ainda iria preocupá-lo (maio de 2005);
- "Neste país de 180 milhões de brasileiros, pode ter igual, mas não tem nem mulher nem homem que tenha coragem de me dar lição e ética, de moral e de honestidade." Rio de Janeiro (julho de 2005);
- "Não estou agindo como o Chávez, mas os meus adversários agem como agiu a Fedecámaras contra o Chávez, tentando fazer golpismo." Em Montevidéu, na reunião de cúpula do Mercosul (dezembro de 2005);
- "Eu levaria o José Dirceu para o palanque, até porque nada foi provado contra ele." Seis dias depois de o ex-deputado ter o mandato cassado por acusação de comandar o esquema de mensalão no Congresso, o qual nunca foi provado (dezembro de 2005);
- "Se tem um governo que tem sido implacável no combate à corrupção, desde o primeiro dia, é o meu governo." Em discurso à nação (junho de 2005)
...e o que dizer a isto?