É sabido também que um método bem objectivo, e prático, de manter as crianças e adolescentes longe de vícios que lhes podem acarretar a destruição da própria vida é... mantê-los nas escolas.
Desta forma, para além de estar salvaguardada a sua segurança, estão também a aumentar as suas possibilidades de poderem usufruir duma vida melhor para o seu futuro como cidadãos.
Ganham os próprios, os pais... e o país.
Ora há quem não veja bem assim esta nova realidade e ache que o estado não se deve preocupar com os seus jovens cidadãos, antes os deve deixar ao "cuidado de Deus", que é como quem diz, ao cuidado dos seus intermediários que isto de interagir com Deus directamente está cada vez mais difícil.
Ora os que agora se queixam da actividade legislativa dum governo democraticamente eleito são os mesmos que, durante décadas, viveram á "sombra" duma ditadura hipócrita, mesquinha, retrógrada, estúpida e sanguinária... sem terem nada a opôr, bem pelo contrário.
Falam com despudor de liberdade de imprensa, como se algum dia soubessem o que isso quer dizer ou lhes assistisse alguma autoridade moral para dela falarem.
Dessa ou de qualquer outra liberdade... como a religiosa por exemplo, sim que essa também é uma liberdade fundamental do cidadão e, no entanto, por esses sempre foi combatida.
Magro, sombrio, encurvado
sob o açoite do Pecado,
com que o persegue Satã,
o pobre gebo parece
o monstro de Lockness
ou um monge de Zurbarán.
Nasceu de paixão secreta
entre casada e roupeta,
junto a Santa Comba Dão.
Graça ao duplamente padre,
dele fez a Santa Madre
guarda-livros da nação.
Profunda, negra, maldita,
mágoa oculta nele habita,
que impede que o monstro ria.
Ah, ninguém sabe a razão
por que no seu coração
jamais floriu a alegria.
Solitário pecador,
nunca deu fruto, e o amor,
força que a todos impele
– como abelha laboriosa,
que evita a flor venenosa –
sempre voou longe dele.
Ainda seminarista,
logrou ele uma conquista.
Grave descoberta fez,
porém, ela, que, coitada,
fugiu dele, horrorizada,
condenando-o à frigidez.
Diz uma beata que santo
se tornou de rezar tanto.
E, com pesar, assevera
que ele, no púbis moreno,
em vez de um órgão obsceno,
tem uma vela de cera.
Talvez por isso maldita
mágoa oculta nele habita,
que impede que o monstro ria.
Esta é talvez a razão
por que no seu coração
jamais noivou a alegria.
Quando o Ferro acha preciso
trazer-lhe ao rosto um sorriso
de propaganda ou de arte,
manda vir o Cerejeira,
que lhe faz, com mão brejeira,
cócegas em certa parte.
Para alegrá-lo, Deus quis
fazer dele seu aprendiz.
Deu-lhe a vara de condão,
que já servira a Moisés.
E logo surgiram três
campos de concentração.
Antes dele, nada existia
na terra da gente ímpia,
de Afonso Costa e Pombal.
Num instante, ali, à toa,
fez logo surgir Lisboa
mais Peniche e o Tarrafal.
Novos golpes de varinha,
inspirados por Sardinha,
com bênção do Cerejeira
– e apareceram estradas,
portos, igrejas, privadas,
Sintra, o Tejo, a Panasqueira…
Nascera, enfim, Portugal.
Não o de Costa e Pombal
– que esse era de Satanás,
obra da Maçonaria –
mas o da Virgem Maria,
de D. Miguel e Maurras.
Mas inda e sempre, maldita,
mágoa oculta nele habita,
que impede que o monstro ria.
Ah, ninguém sabe a razão
por que no seu coração
jamais cantou a alegria.
Para salvar as finanças,
centuplica as vis cobranças.
Hitler, o "Füher", o inspira.
E governa com tal mão,
que hoje a Santa Comba Dão
chamam Santa Comba Tira.
Só faltava uma demão
para salvar a nação,
dantes livre, embora suja.
O Salvador cria os grémios.
E hoje o povo grita: "Algeme-os!
São um Pinhal de Azambuja!"
Os fantoches da Legião
e os mastins da Informação
ladram: "Salazar! Salazar! Salazar!"
E o eco, ao longe, repete,
qual desgrenhada Machbeth:
"… azar! … azar! … azar!"
O povo, que se consome,
vendo morrer-lhe de fome
os filhos, diz, num gemido
baixinho, como um queixume,
que o seu drama nos resume:
"Bandido! Bandido! Bandido!"
E os mortos do Tarrafal,
de Badajoz, do Funchal…
como espectros de Ugolino,
vêm ter, à noite, com ele,
e, como, a Caim, Abel,
acusam-no: "Assassino! Assassino! Assassino!"
Talvez por isso, maldita,
mágoa oculta nele habita
que impede que o monstro ria.
Esta é talvez a razão
por que no seu coração
jamais floresce a alegria!