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Ideias para Blogger

Entrevista com Fernando Henrique Cardoso.

Written By Al Berto on domingo, setembro 10, 2006 | domingo, setembro 10, 2006

Do blogue da Santa fui "transferido" para um outro com uma entrevista do ex-Presidente da República Brasileira Fernando Henrique Cardoso.

Nessa entevista que pode ser lida aqui, entre várias perguntas e respostas a propósito de se a roubalheira brasileira actual era da responsabilidade deste governo ou do anterior (ou anteriores) está esta:

Para o senhor, a roubalheira começou nesse (do Lula) governo?

Ela vem desde Pedro Álvares Cabral. Mas quando você organiza um sistema com a implicação direta de pessoas do governo ou de líderes políticos ligados ao governo, isso é novo. É institucional. Tira o dinheiro do Banco do Brasil, passa para o Banco Rural, daí passa ao partido para apoiar o governo. É diferente da patifaria tradicional. É diferente do caixa dois, que é uma fonte privada.

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E eu digo, ela vem desde o Pedro Alvares Cabral a .... que o pariu.
Se não sabe, Portugal é um dos países mais antigos do mundo.
Tornou-se independente em 1143 e qualquer português se sentirá indignado com essa afirmação.
Se vossa excelência, em algum momento da sua vida foi gatuno ou corrupto, ou têm existido gatunos e corruptos no governo brasileiro é uma coisa mas querer estender isso aos portugueses, particularmente aos seus mais ilustres... aí pára.

No tempo de Pedro Alvares Cabral havia honra e palavra que é uma coisa que já não existe na política brasileira há muito tempo e que vossa excelência também provavelmente não conhece.
Querer branquear, e diluir na história, actos desonestos com calúnia é próprio de gente desonesta.

Continuo na minha, com políticos destes, que produzem declarações destas de que nem capacidade têm para avaliar o seu conteúdo , o Brasil "está feito".

Para ele, e para quem pense como ele, fica aqui o relato de uma viagem de um homem que se escreveu com "H" grande:

Páginas portuguesas dizem que a sua nobreza remontaria a um terceiro avô, Álvaro Gil Cabral, alcaide-mor do Castelo da Guarda sob os reis D. Fernando (1367-1383) e D. João I (1385-1433), da dinastia de Avis.

Teria recebido por mercê as alcaidarias dos castelos da Guarda e Belmonte, com transmissão à descendência. Eram terras fronteiras da Espanha, de pastorícia, origem dos símbolos das cabras passantes do escudo de armas da família Cabral.

Aos 11 anos de idade mudou-se para o Seixal (onde ainda hoje existe a Quinta do Cabral), estudando em Lisboa: literatura, história, ciência como, por exemplo, cosmografia, aptidões marinheiras, além de artes militares.
Na corte de D. João II (1481-1495), onde entrou como moço fidalgo, aperfeiçoou-se em cosmografia e marinharia.

Com a subida ao trono de D. Manuel I (1495-1521) foi agraciado com o foro de fidalgo do Conselho do Rei, o hábito de cavaleiro da Ordem de Cristo e uma tença, pensão em dinheiro anual.
Casou-se com D. Isabel de Castro, sobrinha de Afonso de Albuquerque, aumentando sua fortuna - pois a de seu pai devia dividir com os dez irmãos.

A viagem de 1500

Em 1499, D. Manuel o nomeou capitão-mor da primeira armada que se dirigiria à Índia após o retorno de Vasco da Gama. Teria então cerca de 33 anos.

Foi a mais bem equipada do século XV, integrada por dez naus e três caravelas, transportando de 1.200 a 1.500 homens, entre funcionários, soldados e religiosos. Deveria desempenhar funções diplomáticas e comerciais junto ao Samorim, reerguendo a imagem de Portugal, instalando um entreposto comercial ou feitoria e retornar com grande quantidade de mercadorias.

Integrada por navegadores experientes, como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, a armada partiu de Lisboa a 9 de março de 1500.

A 22 de abril, após 43 dias de viagem e tendo-se afastado da costa africana, avistou o Monte Pascoal no litoral sul da Bahia. No dia seguinte, houve o contato inicial com os nativos.
A 24 de abril, seguiu ao longo do litoral para o norte em busca de abrigo, fundeando na atual baía de Santa Cruz Cabrália, nos arredores de Porto Seguro, onde permaneceu até 2 de maio, a chamada "Semana de Cabrália".

Cabral tomou posse, em nome da Coroa portuguesa, da nova terra, a qual denominou de Terra de Vera Cruz, e enviou uma das embarcações menores com as notícias, inclusive a famosa carta de Caminha, de volta ao reino. Retomou então a rota de Vasco da Gama rumo às Índias.
Ao cruzar o cabo da Boa Esperança, quatro de seus navios se perderam, entre os quais, ironicamente, o de Bartolomeu Dias, navegador que o descobrira em 1488.

Chegaram a Calicute a 13 de setembro, depois de escalas no litoral africano.
Cabral assinou o primeiro acordo comercial entre Portugal e um potentado na Índia.
A feitoria foi instalada mas durou pouco: atacada pelos muçulmanos em 16 de dezembro, nela pereceram cerca de 30 portugueses, entre os quais o escrivão Pero Vaz de Caminha.

Depois de bombardear Calicute e apresar barcos árabes, Cabral seguiu para Cochim e Cananor, onde carregou as naus com especiarias e produtos locais e retornou à Europa.

Chegou em Lisboa a 23 de junho de 1501.
Foi aclamado como herói, não obstante o facto de, das 13 embarcações, terem regressado apenas seis.

16 comentários:

Guilherme Roesler disse...

Mostardinha, meu amigo, voce tem toda a razão. Nesse tempo homem era Homem, com H maiusculo. Jogar a culpa dos problemas em terceiros é a solução dos incompetentes. Abração, guilherme

Luna disse...

Quando as pessoas não conseguem resolver os problemas, tem tendencia e descartar nos outros, se estas já não estão cá para se defender tanto melhor.

Sobre a "birra" no meu cantinho, penso que tens razão ,desculpa,mas o que se passa é que eu também venho te ler , gosto do teu espaço tens sempre muito informação e diversa, só que eu pessoalmente não gosto muito de comentar sobre politica, mas prometo,quando não comentar deixo uma beijoca para saberes que cá estive
bom fim de semana
beijinhos

Anónimo disse...

Tudo bem José Roberto?
Obrigado por estar constantemente visitando o Blognow e deixando comentários. Ultimamente estava um pouco ocupado com os alfazeres escolares, mas agora tudo voltará ao normal no blog. Afinal, as eleições estão aí e o povo está aceitando toda a roubalheira dos últimos 4 anos na maior naturalidade.
Depois visita um site que acabei de fazer:
http://www.tuliopresidente.cjb.net

Saudações

Kalinka disse...

OLÁ AMIGO Mostardinha:

Venho convidá-lo a espreitar o novo artigo no kalinka.

Faço a divulgação das festas anuais da vila onde vivo há 25 anos, que se realizam esta semana, tendo hoje - domingo - o ponto alto com a Procissão de Nossa Senhora da Boa Viagem.
Costuma aparecer nas notícias das 20 horas, é uma romaria muito conhecida a nível nacional.

Bom domingo.

Anónimo disse...

Mostardinha,
Tomaste, mais uma vez a núvem por Juno, o que não é nunca aconselhável. Devias ler melhor a entrevista do FHC e pensar mais antes de fazeres posts assim. De facto a corrupção no brasil vem de tempos imemoriais e disso nos tem dado prova até algumas telenovelas que tem passado na TV portuguesa, ao contrario do que dizes.
Mas repara numa outra faceta da entrevista: FHC apoia, em geral Lula, em muitos aspectos da sua politica referindo no essencial que continuou a fazer o que ele FHC encetou. FHC apoia outro candidato - o Ackmin - mas refere-se-lhe como tendo reduzidas possibilidades de chegar ao poder... De facto o Ackmin é a direita confessional lá da terra, o candidato do opus dei que só poderia trazer uma politica retrograda em materia de direitos, liberdades e garantias.
Tu escolhes.
Não batas em quem não deves.

Julis disse...

darei uma olhada na entrevista
boa semana

Ricardo Rayol disse...

caro Mostardinha, em sua carta ao rei, Pero Vaz pede um emprego para um primo. Coisa pouca. Como a colonização brasileira se deu em moldes extrativistas, com altas taxas de impostos, esse ambiente, aliado à distancia do poder central, propiciou a tentação de se desviar mercadorias e dinheiro. Isso é história e o fato de Cabral ser herói não tem nada a ver. Se Portugal aprendeu com seus erros e evoluiu para um modelo que impede que corruptos e corruptores se dêm bem só você pode dizer.

Anónimo disse...

Mostardinha, ao que me lembre não li a entrevista de FHC, mas uma coisa posso garantir: ele jamais faria tal afirmação em demérito de alguem. Pode ter os defeitos e erros que tiver mas é consenso geral a sua polidez. Ao que pude compreender no pequeno texto referido, JULGO querer dizer que a corrupção é uma coisa antiga, própria da raiz da nação, que ainda não foi debelada. Não creio que tenha tido a intenção de atacar Pedro Alvares Cabral. Infelizmente não posso generalizar essa idéia, e com certa vergonha reconheço: muitos, talvez a maioria, pensam que a corrupção e outros males são culpa da colonização portuguesa. Julgam que se fosse holandeza, inglesa ou outra, o Brasil teria evoluído mais, espelhados no exemplo do Canadá, EUA, Austrália e outras paragens que já atingiram bons estágios de civilidade e organização. Esquecem que sem a colonização portuguesa o Brasil não seria uno, grande, seria uma manta de retalhos; não haveria miscigenação portanto a maioria das população atual tambem não existiria com essas características. Mas esquecem principalmente que há exemplo de colonizações de norte-europeus que tambem não produziram países prósperos. Infelizmente, a maior parte do povo brasileiro ainda não entendeu que um país constroe-se todos os dias e que os problemas são resolvidos aos poucos. Essa desculpa, de que a corrupção é uma coisa estrutural do país é uma idéia absurda e ignorante: primeiro porque faz confusão sobre a noção de corrupção, sobre a qual não vou me debruçar porque ocuparia muito espaço e tempo; segundo porque nega, à partida, a capacidade de uma sociedade de tentar debelar seus problemas; terceiro porque genereliza a toda sociedade um fenomeno restrito.Quarto porque particulariza um problema como se fosse só brasileiro, que não é nem de longe o país com mais problemas na matéria. Infelizmente, assim é...

Al Berto disse...

Viva Ricardo:

Compreendo o teu argumento e acho-o razoável.

Incluir, no entanto, Pedro Alvares Cabral não é correcto.
Se era isso que ele queria dizer podia, muito simplesmente, dizer que a corrupção já vinha de tempos imemoriais.


Já agora ainda a propósito do nosso navegador resta acrescentar que foi convidado para comandar nova expedição ao Oriente mas desentendeu-se com o monarca acerca do comando da expedição e recusou a missão, vindo a ser substituído por Vasco da Gama.
Não recebeu mais nenhuma outra missão oficial até ao fim da vida. Faleceu esquecido e foi sepultado na Igreja da Graça cidade de Santarém, segundo alguns em 1520, e outros, em 1526.

Isto diz muito deste homem que, tendo responsabilidades acrescidas, se manteve integro nos seus princípios ao contrário de muitos políticos da actualidade.


Na idade média não havia a possibilidade do acesso á cultura que há hoje, e nas últimas décadas, nem de perto nem de longe.

Os erros duma geração não podem, nem devem, ser apontados a gerações que se perdem na história.
Não tem nada a ver uma coisa com a outra.

O grave que procuro pôr em evidência é, por um lado, a nomeação da honrada personalidade histórica em questão e, por outro, usar isso para branquear actos corruptos na actualidade.

Um abraço,

Al Berto disse...

Viva Carlos Ferreira (cfe):

Este teu último comentário está perfeito e indentifico-me com o seu conteúdo.

Volto a frizar de que a minha observação no artigo é direccionada para a reprovação de ter sido nomeada uma figura histórica e provadamente honrada e de isso ser feito com a intenção de branquear uma situação actual lamentável.

Só um pormenor quanto ao facto histórico. O Brasil foi descoberto e colonizado pela maior potência mundial á época... é só isso.

E as outras américas também o foram pelos espanhois e não pelos ingleses nem holandeses.
Os espanhois não tiveram foi "peso" para aguentar aquilo debaixo da sua coroa e perderam para os ingleses... e franceses.

...mas isso faz parte da história.

"Infelizmente, a maior parte do povo brasileiro ainda não entendeu que um país constroe-se todos os dias e que os problemas são resolvidos aos poucos. Essa desculpa, de que a corrupção é uma coisa estrutural do país é uma idéia absurda e ignorante..."

Simplesmente maravilhosa esta tua descrição... e vale universalmente.

Um abraço,

Jorge Sobesta disse...

Caro Mostardinha,

Outro dia estava lendo um artigo de João Ubaldo Ribeiro intitulado "Matéria Prima" que me fez refletir bastante sobre quem tem culpa nesta estória de corrupção no Brasil.
Vou colocar o link aqui : http://www.velhosamigos.com.br/Colaboradores/Diversos/joaoubaldo1.html

Vale a pena dar uma lida.

Um grande abraço.

CAntonio disse...

Calma Alberto,

Compreendo a tua indignação, mas concordo que um homem público deve medir bem as palavras antes de dizê-las.

Aqui em Terras de Santa Cruz existe uma porca mania de jogar a culpa para outros.

Diz-se que o caráter do brasileiro foi formado a partir do que nos foi enviado por Portugal.

Evidentemente esquecem-se que a Austrália foi "invadida" pela escória do Reino Unido e hoje dá de mil a zero no Brasil.

O brasileiro médio mal sabe a verdadeira história do Brasil. Para a grande maioria, Cabral sem querer "achou" o Brasil. Esquecem-se que Portugal compara-se a NASA de hoje nos feitos. Esquecem-se do enorme conhecimento que tinha Portugal sobre os mares. Jogam-se reputações (passadas) na vala comum dos que não são nada. Mal sabem quem foi D.Pedro II; esse sim um dos maiores empreendedores de seu tempo. Pedro II viajava muito, mas ao contrário do Lullllla, para Feiras Mundiais a procura de novas tecnologias. O Brasil teve telefone antes da Europa, o trem, um sistema bancário impecável, etc etc....

Também não posso concordar com o "EFE" que fala de OPUS DEI sem a conhecer. Está chutando e jogando na vala do LUlla uma reputação - a do Alckmin -.

Portanto caro amigo Alberto, calma, não fique bravo com FHC, tenho certeza que ele jamais quiz ofender tão digno povo, do qual tanto eu quanto ele somos descendentes, e disto muito me orgulho.


Um grande abraço, deste metade português

Anónimo disse...

Caro José Alberto,

O FHC não pretendeu ofender Cabral e nem os portugueses. E acho que sua resposta nem chegou a tanto, no que alguns brasileiros descendentes de portugueses podem discordar, ainda que isso não seja nada se comparado aos achincalhes jocosos, muito populares por aqui, a respeito da origem lusitana, das quais não aprecio. Mas se o FHC dissesse que a corrupção no Brasil vem desde o seu descobrimento, sem citar o nome de Cabral, ainda te soaria ofensivo?

Abraço

Anónimo disse...

Só para corrigir, onde se lê "das quais não aprecio, leia "dos quais não aprecio". Obrigado.

Anónimo disse...

me mostre um só país que não tenha corrupção

Vanessa Anacleto disse...

Pois é. E FHC é sociólogo. Fosse pedreiro talvez não abrisse a boca para este tipo de bobagem. Se o Brasil encontra-se agora em crise ética ( não sozinho, é bem verdade, posto que em muitas nações do mundo encontramos os mesmos tipos de escandalos), muito o pode explicar , mas não o pobre do Cabral, coitado. Este mal podia supor o que fariam com a terra que encontrou.

abraço