- Que desgraça, senhor! - exclamou o adivinho - Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente - gritou o sultão, enfurecido - Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas e mandou que trouxessem outro adivinho e contou-lhe sobre o sonho.
Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
- Excelente senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
E quando este saía do palácio, um dos cortesãos disse-lhe admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega tinha feito. Não entendo porque ao primeiro ele ordenou cem chicotadas e a você deu cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo - respondeu o adivinho - que tudo depende da maneira de dizer as coisas.
Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar.
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra.
Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida.
Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas.
A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceite com facilidade.
A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Mais, será inteligente de nossa parte, antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho.
E, conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento.
Importante mesmo, é ter sempre em mente que o que fará a diferença é a maneira de dizer as coisas.
10 comentários:
Caro José
Permita-me em primeiro lugar que diga isto:EXCELENTE!
Depois só me vem à memória, relacionado com tudo o que está neste post, uma pessoa que foi importante para mim desde o meu nascimento até ao meu casamento: o Padre Arménio.
Ele tinha um expressão impar e que, no meu ponto d vista, resume excepcionalmente o que acabou de escrever. Dizia assim:
"É preciso tão pouco para fazer os outros felizes".
Um forte e amigo abraço
Viva Miguel:
O Padre Arménio...meu professor de Religião e Moral...velhos tempos.
Um abraço,
Sábio o conto, caro José, assim como a mensagem inserida após, que ensina a contar a verdade primeiramente a nós mesmos.
Grande abraço.
- Soube?
- Do quê?
- Mostardinha, gostei do blog.
- É!
- Principalmente desta postagem, a maneira de dizer importa, e, faz toda a diferença.
- É!
- Nem sempre conseguimos ter o cuidado necessário.
- É!
- Muitas vezes deixamos que o coração nos guie, nesse caso, o estado de espírito influi.
- Se estivermos com a paz no coração, tudo bem...
Possa, manu Mustárdas! Primeiro ke é su éu xegava na sua brógue! Hê! Diskonsigui de virê rápidu!
Agora xeguei, tou tu kumprimentáre e tu dizere ki já tu linkei lá no kimbo du Mankakas!
Tou angradecidu pela sua vizita. Uasakidila!
Vaias sempre mi vizitare lá, yá?
Kandandu.
Fui!
Este ensinamento é muito bom para toda a vida.
Ai amigo, eu não consigo ser assim. Quando eu vejo, Puft...já falei. Por isso digo aos meus amigos para não pedirem minha opinião. Vou tentar o espelho, quem sabe dá certo.
Beijos...Elaine
Most,
enquanto lia o conto árabe lembrei de Guimarães Rosa, de uma frase que está em uma das novelas de Sagarana:
"as palavras têm canto e plumagem".
A forma de dizê-las também tem canto e plumagem, suavidade.
beijos
sANdrA
Taí, até a sua forma de advertir sobre a comunicação "verdade X amor" é mais gostosa de assimilar.
Parabéns pelo blog, já faz parte do meu roteiro diário.
Abraços
Sábio e prudente seu conto. Mostardinha, aproveito pra agradecer as visitas ao Fio e informar que estou fazendo um link do seu Estados Gerais por lá, ok?
Abraço do Brasil.
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