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Deslumbramento

Written By Al Berto on sábado, agosto 04, 2007 | sábado, agosto 04, 2007

A agora não reconduzida no cargo, que é bem diferente de demitida, directora do Museu Nacional Arte Antiga pecou porque quis ser mais "papista do que o papa tendo esticado a corda" em demasia ao colocar a tutela "entre espada parede" ao condicionar a sua permanência no cargo à condição de ver satisfeitas uma série exigências.

Quase como aquele funcionário que confronta o patrão com a inevitabilidade dum aumento salarial para continuar a colaborar com a empresa.
Tem todo o direito de o fazer... como o patrão tem todo o direito de lhe não atender a pretensão.

Quando muito, independentemente da sua eficácia ou não, deveria ter apresentado essas medidas à tutela para apreciação.

O que elas pretendiam consistia numa quase revolução na metodologia de gestão dos museus portugueses coisa que, ainda que visto de "fora", só parece viável em estreita colaboração organizativa com os restantes.
Ora medidas desta natureza não podem ser tomadas de forma avulsa e discriminatória numa actividade que tem que ser ponderada no seu todo.

Ao longo minha vida aprendi a respeitar a hierarquia e considero isso fundamental para que se obtenham os objectivos traçados pela administração.

O funcionalismo público não é excepção e não é pensável que um qualquer funcionário, independentemente da sua posição, dite regras de actuação para com um seu superior hierárquico.

É neste contexto que aparece o comunicado dos membros dirigentes dos restantes museus nacionais que se demarcam categoricamente da tomada de posição duma pessoa que, deslumbrada por algum sucesso conseguido na gestão do seu museu, o queria transformar numa coisa sua e não interligada com a restante malha museológica nacional.

O tom das declarações da citada ex-directora como reacção ao comunicado conjunto destes directores e a forma como o faz, dá para compreender que se trata de pessoa convencida da sua superioridade, com alguma arrogância à mistura e revelando inclusive ser de trato difícil quando colocada em trabalho de equipa.

Não há dúvida que "deu um passo maior que a perna" e que se terá, narcisisticamente, sobre-avaliado.

4 comentários:

Carla Ramos disse...

Não há dúvida que um dos piores defeitos de qualquer pessoa é não saber colocar-se no seu lugar e, sobretudo, fazer uma sobre-avaliação das suas competências e do seu mérito.
São qualidades que, por norma, só aos outros cabe avaliar.

Anónimo disse...

Há algumas duvidas neste processo. Uma delas tem a ver com as pessoas que o governo quer para a direcção de organismos como são os museus. Se quer meros funcionarios ou agentes culturais activos. Se quer funcionarios ganhou uns quantos, mas perdeu o pais. Se queria agentes culturais activos devia reconhecer o desempenho de Dalila à frente do MNAA.
A sensação que se tem é que foi um saneamento politico de alguem que não concordava em tudo com a politica cultural do governo..( pode-se perguntar se ela existe, mas isso é outra questão...) Porque se assim não fosse, a alguem que fez a diferença para melhor nos museus portugueses, seria sempre proposto um outro lugar, o que não foi o caso. Claro que pode ser dito muita coisa...este pais só teve sentido, culturalmente no tempo do Carrilho, o resto tem sido paisagem , diga-se o que se disser.
O Mostardinha apresenta-nos o problema de uma perspectiva que não pode ser concordante com uma actuação cultural de um governo civicamente empenhado. A não ser que Jdanov triunfe decididamente sobre a abertura democratica que abril abriu.

Pata Irada disse...

Mostardinha

Acho que sua auto-estima é muito alta.
Pessoas assim não suportam críticas e não vergam um milímetro. A tendência é não agüentar lá por muito tempo.
Um pouco de humildade e auto-controle não faz mal a ninguém.
Um beijo e um bom final de semana.

Al Berto disse...

Caro efe:

"...A sensação que se tem é que foi um saneamento politico de alguem que não concordava em tudo com a politica cultural do governo..."

Assim é de facto... se tirar a sensação do saneamento político.

A senhora não concordava com a política cultural do governo... base fundamental para não ser reconduzida no cargo tal como é apresentado no texto.

Outro governo terá a sua política... este tem a que tem... os portugueses julga-la-ão em data oportuna.
A democracia é isso mesmo.

Não se pode é tolerar, eu não toleraria, que alguém se arrogue na posição de determinar políticas quando não está mandatada para o efeito.

O resto é "folclore".

O novo director vai fazer um trabalho tão bom ou melhor do que a senhora que agora vai sair do cargo.

O oportinismo político da oposição de ver em todas as medidas da gestão governativa saneamentos políticos está, cada vez mais, desacreditado.

"Cuidado... vem lá lobo... vem lá lobo!"