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Ideias para Blogger

Os assassinos também riem.

Written By Al Berto on quarta-feira, agosto 30, 2006 | quarta-feira, agosto 30, 2006

Vi, há dias, um documentário sobre Trotsky.
Pela sua importância á luz da história, e do julgamento do tempo, fica aqui o resumo do seu assassinato cruel.
O espanhol Ramon Mercader foi selecionado pelo NKVD para assassinar Trotsky, o qual tinha deixado a URSS muitos anos antes.

O bolchevique histórico tinha saído de seu país em função da derrota na disputa pelo poder com Estaline, mas continuava a criticar a política seguida pelo líder soviético nos seus escritos a partir do exílio.
Em outubro de 1939, Mercader entrou no México com um passaporte falso, identificando-se como “Jacques Mornard”, um homem de negócios.

No dia 24 de maio de 1940, falhou um elaborado plano de assassinato estabelecido por Mercader e outro agente da NKVD no México.
Mas um segundo plano foi engendrado. Desta vez, “Jacques Mornard”, que tinha evitado levantar suspeitas durante o primeiro atentado contra a vida de Trotsky, conseguiu a amizade de uma secretária de Trotsky.
E, através dela, começou a encontrar-se pessoalmente com Trotsky sob o pretexto de ser um patrocinador das idéias de Trotsky.

Em 20 de agosto, no estúdio da casa de Trotsky em Coyoacán (cercanias da Cidade do México), Mercader feriu-o mortalmente na cabeça com uma picareta.

Segundo alguns relatos, os seguranças de Trotsky irromperam e já iam matar Mercader, mas Trotsky poupou-lhe a vida gritando:
- “Não o matem! Este homem tem uma história para contar.”

Mercader foi conduzido às autoridades mexicanas, a quem se recusou a revelar sua real identidade. Não obstante, foi condenado por assassinato e sentenciado a 20 anos de prisão. Apenas em agosto de 1953 sua verdadeira identidade foi descoberta, e suas conexões com a NKVD não foram reveladas até que tivesse ocorrido a dissolução da União Soviética.

Após poucos anos de prisão, Mercader tentou conseguir a liberdade condicional, que foi negada pelo Dr. Jesús Siordia e pelo criminologista Q. Cuarón.
Ele foi libertado do presídio Lecumberri, na Cidade do México, em maio de 1960, e mudou-se para Havana, onde o governo de Fidel Castro o acolheu.

Em 1961, ele mudou-se para a URSS e, qual consagração heróica pelo vil gesto cometido, foi condecorado com a medalha de Herói da União Soviética, uma das mais altas comendas do país.

Mercader dividiu-se entre Cuba e a União Soviética pelo resto de sua vida, reverenciado pela KGB (sucessora da NKVD).
Veio a falecer em Havana, em 1978, e encontra-se sepultado sob o nome de Ramon Ivanovitch López no cemitério Kuntsevo, em Moscovo, possuindo um lugar de honra no museu da KGB na capital russa.

Como se constata Cuba sempre foi um bom abrigo para assassinos e todos os partidos comunistas de inspiração soviética são os verdadeiros herdeiros desses princípios políticos.

12 comentários:

Ricardo Rayol disse...

Interessante relato histórico. Recomendo a leitura do livro "Quem matou Getulio Vargas" que narra as aventuras e desventuras de um assassino comunista.

Anónimo disse...

A questão trotsky é muito curiosa. a direita, de um modo geral, acentua o facto de ter sido assassinado e de o ter sido por alguem que, com toda a certeza o fazia a expensas de Stalin. Toda a gente parece esquecer a responsabilidade do proprio Trotsky na repressão na própria urss, em muitos aspectos superior à de Stalin ao menos até 1927.
A critica do Mostardinha é uma critica de direita não uma critica de alguem que se diz de esquerda. Alias, o mesmo se passa em relação ao Brasil, onde JAM toma sempre o partido da direita daquele país.

Al Berto disse...

Caro efe:

Interessante o teu comentário.
O relato aqui apresentado também serve para o Trotsky e não o isenta de culpas.
O que se pretende desmascarar é um assassínio, cometido a sangue-frio e com uma picareta. Hediondo.

O que é isso de esquerda?
Como Estaline? Como Fidel?
Esses são os verdadeiros algozes da esquerda e dos seus ensinamentos meu caro amigo.

Em relação ao Brasil, que não é o meu país, nem sou por este nem por aquele mas pretendo ser justo no comentário á situação lá vivida.

Para um governo que se dizia de esquerda e que, lamentavelmente, tem na sua composição um partido comunista, os actos de corrupção e compadrio são por demais evidentes.
São uma vergonha para a esquerda, apesar de eu não considerar pessoas desonestas como aquelas de esquerda.
Nem eles são de esquerda... são do "tacho", nada mais.

Anónimo disse...

Acho sempre interessante quando alguèm me pergunta: que é isso da esquerda. Apetece-me dizer-lhe: pensa!Encarar o Fidel Castro como algoz da esquerda não é certamente uma ideia de esquerda.
A esquerda - em qualquer época - propõe-se sempre transformar a sociedade, nos termos do entendimento da época. A direita propõe-se manter o que está ou mesmo fazê-la recuar. Para ser menos doloroso pensa na Revolução Francesa. Calculo que a muitos dos seus protagonistas chamarias algozes da esquerda. Mas isso é apenas não saber ver para lá do circunstancial. A pergunta deverá ser: contribuiram para a transformação da velha sociedade numa nova, mais progressiva e com mais realização social e humana?
E a resposta não pode ser senão: sim. Apesar do terror, apesar dos erros, apesar de muitas coisas terriveis...
Hoje, o que está em cima da mesa é tambem a transformação da sociedade. Não te vou dizer que é a construção de outro sistema politico-economico, ou outra formação economica, mas ainda assim se pensares a história das sociedades como uma realidade dinamica não podes deixar de contemplar essa possibilidade. E nesse caso, onde encaixaras as figuras que referes? Não estás a pensar apenas na tua pequena capela sem veres o essencial?
Quando vertes um pouco da tua bilis por o governo de Lula ter na sua composição elementos do PC e achas isso lamentável, estas a fazer uma critica politica à actuação desses membros do PC ou não gostas deles por serem de direita?
Ou seja, em que plano te situas?
Provavelmente nem sequer sabes quem são, o que fazem e quais os seus méritos, já que a todos classificas como "do tacho".Inapelavelmente.
O mesmo faz - faria, fará - qualquer direita sem argumentos.
Mas isto não é virgem nalguns elementos de uma certa franja da sociedade, proxima do PS. Deu-lhes para começar a pensar que tinham o monopolio da esquerda e da verdade e acabam por apoiar tudo o que a direita diz e faz. Se reparares no blog Tugir, este apoia tudo o que é candidato de direita contra a esquerda, com o argumento de que são populistas. Não é muito sério, diga-se em abono da verdade.
Volto a Fidel só para te dizer o seguinte: Fidel não é um algoz da esquerda. É um homem de esquerda transformado num acidente da esquerda. Percebes?

Kafé Roceiro disse...

Você foi homenageado lá no Kafé.

veritas disse...

José Alberto:

O que está em causa são de facto os extremismos, os crimes cometidos em nome de ideologias, que na verdade não passam de teorias aplicadas de forma deturpada, doentia quase. E é isso que fede! Na antiga URSS, em Cuba,no Cambodja com Pol Pote, onde quer que não exista liberdade de expressão, onde quer que em nome de ideais deturpados se cometam crimes para silenciar e tirar o debate de ideias,usurpar o poder, amarfanhar o espírito e assim matar uma cultura!

veritas disse...

Perdão pelo erro, queria dizer Pol Pot...

Al Berto disse...

Viva efe:

Como mantives-te o tom da troca de opiniões com elevação cá vai a minha réplica.

As transformações que se possam pretender para as sociedades deverão ter suporte prático, isto é, deverão visar o melhoramento dessas sociedades.
Acredito que tal desiderato tenha estado na origem de muitas revoluções.
Não concordo confundir a Revolução Francesa com a Revolução Bolchevique, não tem nada a ver no contexto histórico... como ficou provado ao longo dos anos através da tradução prática das consequências de uma e de outra.

Relativamente ao partidos comunistas de influência soviética considero que, todos eles, sofrem de tiques ditatoriais e que, podendo, aplicam esses princípios.
São portanto, para mim, "uma carta fora do baralho" do jogo democrático.

A minha experiência da acção do PC português enquanto lhe foi permitido algum espaço de acção, em que se revelou rapidamente a sua adversidade á normal convivência de opiniões divergentes da sua, faz-me pensar que estes partidos são a negação da essência da própria democracia.

Como defendo intransigentemente os princípios democráticos, sou claramente contra a sua acção.

Só quem é coerente do ponto de vista da defesa desses valores democráticos tem legitimidade moral e intelectual para também se opor a processos semelhantes por parte das facções da direita que, ainda que fundamentados em outros pressupostos, defendem os mesmos objectivos.

Um abraço,

Anónimo disse...

Depreende-se (com a picaretada na cabeça da vítima e diante dos seguranças) que o requinte nas ações da polícia secreta soviética é coisa do cinema. Nem o PCC paulista cometeu tamanho amadorismo. Mas independente da veracidade do fato, na guerra, homens comuns matam homens comuns, onde assasinos são heróis nacionais, e os assassinados, mártires, muito a depender dos olhos do vencedor da guerra. A relevância política de Trotski obriga-nos a relativizar.

Anónimo disse...

Caro Mostardinha,
Confundes de novo o acessorio e o essencial.
Mas vamos por partes. Naturalmente que as transformações tem suporte prático. Eu diria mais - tem suporte histórico. E visam sempre alterações na sociedade. Alterações sociais, politicas, economicas. Todas estas alterações se vão dando paulatinamente. Chamamos revolução ao momento em que o copo transborda, se me permites a expressão. Agora, a questão é - tudo isto tem um sentido, ou não? Se sim, em que sentido vamos e devemos perguntar se esse é O sentido da história e do futuro. Se não, corremos o risco de não entender o que se passa à nossa volta. Por exemplo, pensa num momento em que possas dizer que uma sociedade senhorial, feudal se torna dependente do trabalho assalariado, de prestadores livres. E pensa que esse acto sublime de liberdade custou a vida de milhões. Se por um acaso uma revolta de trabalhadores livres solicitassem aos seus senhores o previlegio de viverem nas suas terras, com casa, roupas, uma terra para cuidar em vez de desemprego e os inerentes direitos, - que lhe chamarias?
Só te referenciei a Revolução Francesa para não usar exemplos dos nossos dias e para que entendas o que é um processo global visto à distancia e não um exemplo de capelinha que nos serve de exemplo mais frequentemente.
Traduzido para hoje - pensas no Fidel, mas não ves o imenso processo de transformação da america latina que está em curso. Se fosse há 50 anos o imenso quintal americano tinha sido triturado a ferro e fogo. Imaginas hoje os EUA a invadirem o Brasil só porque tem ministros comunistas?
Mas no chile foi um pouco isso que aconteceu. Há 33 anos apenas.
A revolução russa é uma tentativa voluntarista de forçar a história como o foram as revoltas de escravos no Imperio romano ou os levantamentos camponeses da idade média.
Mas é também assim que se faz a história : de avanços e recuos.
Os partidos comunistas pareciam encarnar durante o seculo XX esse desejo de mudança, melhor, a possibilidade de superação do sistema a que convencionamos chamar capitalista. Pretendiam faze-lo seguindo os ensinamentos de Marx-Lenine e esqueceram a historia. Deu no que sabemos, mas julgo que o futuro recordara mais depressa essas tentativas do que os esforços dos seus cangalheiros, tal como recordamos Espartaco mas não sabemos o nome do general romano que o reprimiu. A história precisou de mais 900 anos para lhe dar razão.
É preciso dar mais atenção ao essencial. No meu post eu dizia: "Mas isto não é virgem nalguns elementos de uma certa franja da sociedade, proxima do PS. Deu-lhes para começar a pensar que tinham o monopolio da esquerda e da verdade e acabam por apoiar tudo o que a direita diz e faz."
Tive pena que não comentasses e te refugiasses numa vaga noção de democracia como "o jogo democrático".
Porque o que é real é mais as tricas pessoais do que a militancia por politicas ao serviço das populações. Daí nem sempre percebermos as diferenças entre esquerda e direita.
Em jeito de confidencia diria que tenho visto gente de esquerda votar em candidatos da direita sem que isso acrescente - bem pelo contrario - algo de novo ao processo de transformação da sociedade.

efe

Arauto da Ria disse...

Isto é demasiado profundo para o tempo que tenho neste momento. Mas quero deixar aqui uma pergunta que por certo vai abanar com os nossos amigos Brasileiros e Portugueses, pois quase todos falam de falsos Comunismos.
Será que alguma vêz existiu o verdadeiro Comunismo na sua real doutrina?
E Socialismo?
Eu julgo que nem uma nem outra doutrina foram aplicadas em qualquer País do Mundo.
Mas a Direita e a ditadura facista,
existe, foi aplicada em diversos Países e já matou e torturou muita gente.
Estou de acordo com oefe quando diz que Fidel é um homem de esquerda transformado num acidente da esquerda.
Mostardinha adoro o teu blog, vou voltar.

Anónimo disse...

Interessante... Os assassinos são os que mais riem, porque será?