Grave é que quase ninguém os foi ver.
Só para se ter uma ideia do ridículo da situação, o filme “Vanitas”, de Paulo Rocha, recebeu 135 mil contos do ICAM, mas apenas foi visto por 488 pessoas, o que significa que o Estado pagou 278 contos por espectador.
O descalabro é total! Se “Vanitas” é o exemplo mais gritante do desajuste de um subsídio, outros casos não lhe ficam muito atrás.
A medalha de prata no pódio dos fracassos de bilheteira em 2006 vai para o realizador Ruy Guerra e para o seu “O Veneno da Madrugada”.
O filme não foi o mais gastador das verbas do ICAM, mas foi o que menos pessoas conseguiu arrastar à plateia de um cinema:
Apenas 183 portugueses puseram os pés nas duas salas em que o filme esteve em exibição.
O instituto investiu 35 500 contos no projecto, mas o público não alinhou pela bitola dos elevados critérios selectivos do organismo estatal.
Resultado: o filme custou aos contribuintes mais de 194 contos por espectador.
Já a medalha de bronze vai direitinha para Fernando Vendrell e para a sua fita “Pele”. O filme estreou a 4 de Maio em 10 salas, mas público nem vê-lo.
O que aqui está em causa é a qualidade do investimento cultural que é feito.
Há na cultura muito mais onde investir e de forma a criar um retorno muito mais enriquecedor para o país.
6 comentários:
Poderia informar a entidade onde me posso candidatar?
Sim, porque dificilmente os meus filmes serão píores, só que não tenho amigos!
E o mesmo se passa com imensas outras coisas. Se fosse só o cinema! Passamos é a vida a vergar a mola para sustentar "iluminados". Pois. É triste.
Pois é meu caro Mostardinha
Concordo plenamente.
E o mais caricato nesta questão, é que os subsidiados ainda se dão ao luxo de acharem que são donos e senhores da verdade cultural.
O problema não é a porcaria de cultura que produzem... o rpobelma estão nas pessoas que são incultas, burras, ignorantes, analfabetas. Esses todos que não foram ver essas produções.
Um abraço
Humm.. uma coisa é certa não podemos, nem eu posso criticar, a qualidade da obra ou dos autores de realização devido ao facto de que não fui/fomos ver os filmes em causa. Ou será que alguém foi ver os filmes em causa?! É fácil mandar bocas "para o ar", que isto ou aquilo é péssimo quando não se tem sucesso. Agora se as coisas tiverem visibilidade por outros meios televisivos é outro caminho..
Se entretanto os realizadores não tiverem outros instrumentos para fazer face ao menosprezo do povo português pelos filmes realizados será difícil continuar nessa vida.. Dado que o mercado é bastante fraco.
Agora não vamos atirar pedras sem ver as coisas...
Já agora será que os realizadores não são fiscalizados com os seus gastos? Será que é tudo para meter ao bolso?! Bem.. pelo pensamento rápido qualquer pessoa assim pensa.. Mas nem tudo é assim..
Abraços
Concordo totalmente com o Bruno Martins. Perdemos muito a capacidade de crítica quando desconhecemos o foco da questão.
Quanto maior o retorno a ser pretendido, maior o investimento, em se tratando de uma arte cara como o cinema. E como o que é refinado, ou original ou excessivamente regionalizado, não é necessariamente popular, torna-se importante um incentivo governamental se quisermos manter vivas algumas expressões culturais, diante da poderosa mediocridade do gosto popular.
Olá José Alberto:
Como não me incluo no número de portugueses que viu esses filmes, não posso comentar a questão da sua qualidade. No entanto quero afirmar uma constatação: em Portugal não existe uma cultura do filme português, como têm, por exemplo os americanos, ou os ingleses. Muitas vezes até dizer que o filme é português é fazer o espectador olhar logo de esguelha, porque normalmente até são filmes direccionados para minorias. Mas também há casos de sucesso! Veja-se os "Sapatos Pretos", penso que inspirado numa estória verídica, ou o "Crime do Padre Amaro", uma estória do nosso Eça adaptada aos tempos modernos, muitos dos filmes apoiados pela Sic, como por exemplo o "Amo-te Teresa", até tiveram audiência significativa. E o caso do Manuel de Oliveira, pouco apreciado pelos conterrâneos, mas que até ganha prémios em festivais de cinema lá fora? Cultura de cinema em Portugal penso que existiu nos anos 40, 50, com os filmes do Vasco Santana e do António Silva ou do Ribeirinho...
Bjs.
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